segunda-feira, 28 de março de 2011

Movimentos sociais e internet: considerações de caráter geral

  A internet não é um espaço imparcial. Não significa, também, um local de relações de poder e de diálogo livre de constrangimentos sociais. Também não pode ser analisado como o local de excelência para o crime ou terrorismo. Percepções e interpretações unilineares de um ambiente que é caracterizado pela ação humana não permitem revelar a complexidade dos fenômenos que se constroem a nível social. Os movimentos sociais com uma atividade mais ordenada na internet têm provocado os poderes instituídos, apontando opressões e promovendo lutas, movimentando atores individuais e coletivos, abrindo canais de comunicação e espaços de cidadania. As tecnologias digitais não se restringiram a diminuir os custos das atividades cotidianas dos movimentos sociais, aceitaram, igualmente, a coordenação dessas atividades de um modo mais eficaz e rápido superando os acanhamentos espaciais e temporais no aparelhamento dos protestos globais. Não oponentes todos os limites que conclui, a internet parece ter estimulado a emergência de novas formas, de novas consciências coletivas, de identificações e comunidades que se interconectam a nível transnacional. Estamos em acreditar que a liberdade de expressão, que carecerá ser reivindicada para este espaço interativo, será uma das condições para a construção de uniões a nível global. Mas parece-nos, também, urgente uma reflexão teórica que beneficie a inclusão da articulação dos movimentos sociais, neste novo “espaço publico” e que se interrogue, igualmente, a democraticidade das suas práticas. De advertir, porém, que mesmo ao nível de oposições transnacionais, os movimentos não desampararam as formas de comunicação e participação políticas tradicionais e a internet, ao contrário do que se poderia julgar, não as substituiu nem as desvalorizou. Reforçou, até mesmo, essas remotas práticas dotando-as de uma maior notoriedade. Nessa estimativa, uma ação política de protesto ou resistência, numa escala local, poderá imediatamente, com uma maior facilidade, encontrar novas julgamentos e apoios a nível trans-local.
  Para entender os movimentos sociais contemporâneos, nas suas inúmeras dimensões, apela-se tanto a consideração dos seus atos como dos seus pensamentos. Esta interpretação dos movimentos sociais denota também entender os locais de ação e o conflito destes sobre os intérpretes. Isto pode ser analisado, entre outros, por meio dos projetos que os movimentos decretam e do desvendamento destes projetos, do seu debate e construção de alternativas, por meio das tecnologias interativas, nomeadamente, a internet.

Fontes:

sábado, 26 de março de 2011

Movimentos Sociais e a Internet

Hoje pretendemos discorrer sobre a relação construída entre movimentos sociais e a rede mundial de computadores. Essa parceria vem dando certo, pois a internet transpõe fronteiras e faz com que a comunicação entre grupos aconteça de forma efetiva, devido, entre outros motivos, à rapidez na troca de informações.

 Tendo em vista o crescente espaço ocupado pela internet nessa relação, torna-se imprescindível destacar o papel das redes sociais em todo esse processo. Em cada local as redes têm características próprias que dependem de como (e com qual intuito) foram criadas e dos atores envolvidos (pessoas e/ou instituições). Nesse sentido, experiências pessoais podem ser capazes de mobilizar esferas globais, como na articulação de protestos e manifestações em várias partes do mundo. È importante salientar que o conceito de redes sociais aqui citado, refere-se à atuação coletiva de grupos, instituições e pessoas que defendem interesses comuns.

 Para Warren Scherer as redes desempenham um papel estratégico, enquanto elemento organizativo, articulador e informativo de movimentos sociais no seio da sociedade civil e na sua relação com outros poderes instituídos. A autora entende que a rede se constitui de maneira organizacional e tem em vista uma estratégia de ação que permite aos movimentos sociais desenvolverem relações mais democráticas, a partir da inclusão digital.

 O desenvolvimento das novas tecnologias e a possibilidade de criação de redes de comunicação, de interesses específicos, utilizando os mais variados recursos, são fundamentais para o desenvolvimento e aperfeiçoamento das redes de movimentos sociais. Nesse contexto podemos concluir que a internet se configura, também, como um espaço de diálogo e transformação.

 Sejam movimentos que nascem na internet e ganham dimensões globais como o Caso Líbia e a Internet, sejam movimentos nascidos na esfera real e que ganham força no campo virtual como o Movimento Negro, em todos os casos dessa relação o fundamental é perceber a forte potencialização acerca da internet, como uma ferramenta aliada na construção de uma sociedade mais consciente e que luta por seus direitos.

quarta-feira, 23 de março de 2011

O que é movimento social?

Desde já, gostaríamos de deixar claro que os conceitos que apresentaremos não são categóricos, não são e nem desejam ser tomados por verdade absoluta. Eles são resultados de um contexto histórico e do ponto de vista analítico de pessoas que ocupam um determinado lugar na sociedade, daí seu caráter de opinião (fundamentado).

As definições que utilizaremos são as de Alain Touraine e de ManuelCastells. Para Touraine, autor que mais extensivamente trabalhou com o tema em questão, os "movimentos sociais são a ação conflitante de agentes das classes sociais, lutando pelo controle do sistema de ação histórica". Sendo ação histórica, um termo que abrange o conjunto de influências da história sobre o aprendizado social, sobre a produção da sociedade por si mesma. E a sociedade com que Touraine trabalha é marcada pela luta entre as classes visando dominar o controle da sociedade.

Touraine afirma que os movimentos sociais são provenientes da luta de classes, e que estas pretendem com isso conservar ou assumir o comando da sociedade. "Movimentos Sociais são forças centrais que lutam umas contra as outras para dirigir a produção da sociedade, a ação de classe pela direção da historicidade." E para um movimento se classificar como social é indispensável que ele seja ou uma luta entre classes, ou uma luta em nome da evolução ou a guerra de uma nação contra a intimidação estrangeira.

Já para Manuel Castells, "movimentos sociais urbanos são sistemas de práticas sociais contraditórias, isto é, que controvertem a ordem estabelecida a partir das contradições específicas da problemática urbana." Sendo que a problemática urbana envolve as questões de saúde, moradia, cultura, etc. A modificação estrutural dos sistemas não é, para ele, um motivo para que o movimento se caracterize como um movimento social, mas sim um objetivo. "Por Movimento Social Urbano se entende um sistema de práticas que resultam da articulação de uma conjuntura definida, a um tempo pela inserção dos agentes suportes na estrutura urbana e na estrutura social, e de natureza tal, que seu desenvolvimento tende objetivamente para a transformação estrutural do sistema urbano ou para uma modificação substancial da correlação de forças na luta de classes, ou seja, em última instância, no poder do Estado."

Em outras palavras, movimentos sociais são mobilizações coletiva, ações de caráter contestador, no campo das relações sociais, almejando a transformação ou a preservação da ordem estabelecida na sociedade.





Fontes: