sábado, 30 de abril de 2011

Militância na Internet

Como já sabemos, a internet é uma ferramenta de grande impacto no desenvolvimento de determinados movimentos sociais, podendo estar diretamente ligada, inclusive, na criação de alguns. O que pretendemos abordar nesse post refere-se ao papel exercido pelos militantes sociais atualmente, no que tange especificamente a internet.
Numa rápida olhada pelo dicionário entendemos que militante é aquele que “está em exercício”, ou seja, trata-se do indivíduo engajado em alguma causa. Historicamente, temos em nossa memória o termo militante diretamente vinculado à política, com pessoas nas ruas carregando bandeiras e entoando dizeres ligados à sua problemática. A partir da popularização da internet esse quadro vem se modificando, os panfletos hoje são virtuais, as discussões anteriormente travadas em encontros em bares ou praças, hoje ocorrem através das redes sociais. Nesse sentido, percebemos que o papel do militante político vem sendo revitalizado e ganhando um nova roupagem.
Nas eleições de 2010 para o governo do estado da Bahia, a assessoria de comunicação do então candidato Jaques Wagner colocou no ar o wagnernaweb.com.br, uma página na internet que buscava a aproximação do eleitor com a campanha do candidato e, além disso, tinha o papel de “recrutar” interessados para se inserirem da militância virtual em prol do petista.
O site possui uma sessão especial que ensina passo-a-passo como os militantes poderiam participar da campanha pela internet, as apresentações mostradas na página funcionam como uma espécie de guia de orientação para se criar contas e usar as principais redes sociais em benefício da campanha de Jaques Wagner na web. Twitter, Blog, Youtube, Orkut e Flickr foram as ferramentas de divulgação escolhidas para integrar essa campanha colaborativa via internet.


A ressalva que vale ser feita aqui, diz respeito a mudança de paradigma sofrida pela militância de maneira geral com a inserção dos webmilitantes, como vem sendo chamados. A internet por ser uma ferramenta mais cômoda (no sentido de não precisar sair de casa para utilizá-la) e rápida, pode muitas vezes causar a impressão de “dever cumprido” por parte de quem a utiliza, mas quando uma pessoa divulga por e-mail a realização de vários protestos e não participam pessoalmente de nenhum, acaba por deixar uma lacuna em aberto entre o pensar e o agir. Na minha opinião, a Internet tem potencial para a construção da cidadania e do fortalecimento da democracia, porém aliada ao fazer prático e diário.
 

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Projeto Ficha Limpa


Logomarca da Campanha Ficha Limpa

O Projeto


A campanha iniciada em abril de 2008 tem como objetivo impedir que candidatos com condenação na Justiça possam concorrer às eleições. A iniciativa popular coletou 1,3 milhões de assinaturas a favor da Lei Complementar nº. 135/2010. O projeto circulou pelo Brasil e foi entregue em setembro de 2009 no Congresso Nacional junto com as assinaturas.

O Ficha Limpa ganhou visibilidade nacional através da internet, o site Avaaz foi responsável  por  divulgá-lo na rede. Quando o projeto foi enviado ao Congresso, os organizadores enviaram mensagens para todos os deputados pedindo apoio a Lei, também foram repassados emails com alertas Avaaz para as pessoas que assinaram a petição.

A campanha conquistou o apoio de blogs, sites e de usuários das redes sociais, que construíram uma rede virtual na internet para mobilizar a sociedade.
As redes sociais foram vastamente utilizadas na divulgação da campanha que busca remover das eleições candidatos que cometeram crimes como: desvio de verba pública, corrupção, assassinato e tráfico de drogas.


O projeto apoiado pelo Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE) é organizado pela Articulação Brasileira contra a Corrupção e a Impunidade (ABRACCI) rede de entidades que tem como missão “contribuir para a construção de uma cultura de não corrupção e impunidade no Brasil por meio do estímulo e da articulação de ações de instituições e iniciativas com vistas a uma sociedade justa, democrática e solidária”.

Redes Sociais

 O Ficha Limpa ganhou adeptos em várias partes do mundo através das redes sociais mais populares. No Facebook, 34.287 pessoas já “curtiram” a página Todos pela Ficha Limpa, a comunidade tem 45 tópicos de discussão, em que os integrantes debatem o projeto e organizam ações no mundo real, como atos públicos em favor da campanha. 

 No perfil do Flickr há  registros  do inicio da campanha em 2008 durante a coleta das assinaturas presenciais e da entrega do projeto no Congresso. Além de fotos dos adeptos fazendo campanha a favor do projeto em algumas cidades do Brasil e nos EUA. 

 No Orkut, há inúmeras comunidades que levam o nome ou são simpatizantes do projeto. A oficial, que consta no site do Ficha Limpa é a MCCE - Lei 9840 - Ficha Limpa, tem 7.828 membros e mantém um fórum atualizado com discussões sobre o movimento.E no Twitter o perfil @fichalimpa  tem 11.751 seguidores.

Fonte:  Ficha Limpa  MCCE

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Abaixo-assinado online

Manifesto em defesa do MST ultrapassa mil adesões


A solidariedade de artistas, intelectuais, parlamentares e entidades, nacionais e internacionais, contra a mais recente tentativa criminalização do MST e em apoio à Reforma Agrária, já se converteu em mais de mil adesões ao Manifesto em defesa da democracia e do MST , divulgado nesta segunda-feira (21/9).
Entre os estrangeiros que até agora assinaram o manifesto de apoio ao Movimento, estão personalidades como Michael Lowi, intelectual francês, e Marta Harnecker, escritora chilena. A sambista Beth Carvalho e o ator Chico Diaz também subscreveram o texto, representando a classe artística. Do meio acadêmico, Maria Victoria Benevides, professora da Faculdade de Educação da USP, e Dermeval Saviani, da Unicamp, já se posicionaram ao lado dos Sem Terra brasileiros.
Entidades da sociedade civil também se mostraram contrários à ofensiva dos setores mais conservadores da sociedade e em favor do cumprimento das normas constitucionais que definem as terras destinadas à Reforma Agrária. Entre elas, o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), a Cese (Coordenadoria Ecumênica de Serviço) e a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP).
Os deputados federais Dr. Rosinha (PT/PR), Chico Alencar (PSOL/RJ) e o prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias (PT/RJ), firmaram seu compromisso com a democracia e a luta pela terra nesta terça-feira (22/9).
O “Manifesto em defesa da democracia e do MST” pode ser assinado em http://www.petitiononline.com/manifmst/petition.html.






É muito comum nos depararmos com pessoas insatisfeitas com determinadas situações sociais,  seja com a educação, a saúde, a segurança pública, entre outros. Apesar do país já ter se tornado democrático há muito tempo, ainda somos pequenos e incapazes de solucionar os problemas que tanto nos aflingem. No entanto, existem ferramentas que nos ajudam a demonstrar o nosso descontentamento diante de algum fato ligado a esfera social, mesmo correndo o risco de não ser percebido. O “abaixo-assinado” é uma dessas ferramentas, e é levado bastante em consideração, pois com um milhão de assinaturas é possível modificar ou até mesmo criar uma lei para o bem comum de todos.
Atualmente, podemos ver muitas listas de abaixo-assinado gerenciadas pela internet, o que facilita a difusão da causa de forma mais rápida e ágil. É o que está ocorrendo com o requerimento lançado pelo MST - Movimento Sem Terra, que já alcançou mais de mil adesões. Este movimento foi formado há 26 anos por milhares de familias sem terra que sonham em conquistar um pedaço de chão para sua sobrevivência. Escrito por Plínio de Arruda Sampaio (intelectual e ativista político brasileiro), Osvaldo Russo (estatístico), Hamilton Pereira (poeta), Alípio Freire (escritor) e Heloisa Fernandes , que além de escrever, fizeram o levantamento das assinaturas, esse abaixo-assinado tem o objetivo de atuar “contra a criminalização do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra,  pelo cumprimento das normas constitucionais que definem as terras destinadas à Reforma Agrária e pela adoção imediata dos novos critérios de produtividade para fins de reforma agrária.”

Fonte:



domingo, 10 de abril de 2011

Movimento Social das Prostitutas

 Existem, no mundo, três sistemas regulamentados sobre a prostituição: o abolicionismo, o regulamentarismo e o proibicionismo. O sistema regulamentarista reconhece a profissão e cria leis para sua execução. Esse modelo é adotado em alguns países da América Latina, com requisições que aborrecem o Movimento das Prostitutas como, por exemplo, a prática de exames periódicos obrigatórios, o que acaba provocando preconceito e exposição. O proibicionismo criminaliza a atividade e é praticado em poucos países por representar a ideia do domínio do Estado sobre o direito individual do corpo. No Brasil, o sistema adotado, desde 1942, é o abolicionista que penitencia o empresário ou dono de estabelecimentos que incentivam a atividade. O Movimento das Prostitutas condena esse modelo, pois acredita que o recebimento de parte do lucro pelo patrão é natural no exercício de qualquer profissão. Além disso, acreditam que esse modelo facilita a corrupção e o preconceito. Ele protege o reconhecimento da profissão a fim de garantir a sua regulamentação.
 No Brasil, o Movimento Social das Prostitutas é representado pela Rede Brasileira de Prostitutas que surgiu na década de 80. A intenção da Rede Brasileira de Prostitutas é promover a articulação política do movimento organizado de prostitutas e o fortalecimento da identidade profissional da categoria, visando o pleno exercício da cidadania, a redução do estigma e da discriminação e a melhoria da qualidade de vida na sociedade.
 A Rede Brasileira de Prostitutas tem como seu veículo de comunicação mais expressivo, o jornal Beijo da Rua, com tiragem de 10.000 exemplares e circulação em 17 estados do Brasil. A distribuição do jornal é de responsabilidade das associações de prostitutas, que recebem lotes que variam entre 50 e 500 exemplares, dependendo de algumas variáveis, como o local onde atuam a capacidade de distribuição e organização interna. O público leitor é composto, principalmente, por prostitutas, clientes, comerciantes e outras pessoas que estão no entorno da prostituição. Também recebem o material, militantes de outros movimentos sociais, como o gay e o soropositivo, gestores das áreas de saúde, educação, cultura, direitos humanos, além de políticos, pesquisadores, estudantes e formadores de opinião em geral.

 O editor do jornal, Flávio Lenz, conta que mesmo com as dificuldades em se conseguir anunciantes, em razão do preconceito, o movimento reuniu forças para lançar, em dezembro de 2004, a versão eletrônica do Beijo da Rua, no endereço www.beijodarua.com.br, ampliando sensivelmente a repercussão do jornal e a visibilidade da luta das prostitutas.

 Atualmente, existe um empecilho das prostitutas em se engajarem no movimento devido ao preconceito. Isso ocasiona a apropriação de seus ideais por outros movimentos, como o feminista. A Rede de Prostitutas não despreza as parcerias, porém diz acreditar que o movimento deve ser conduzido por prostitutas.

Fontes:


sexta-feira, 8 de abril de 2011

A interferência das redes sociais nos movimentos sociais


Quando falamos em movimentos sociais nas redes sociais digitais, não imaginamos a grande influência que as redes têm durante o processo de criação e desenvolvimento nos movimentos sociais.
Para que tenhamos noção de como as redes interferem nos movimentos sociais, resolvemos postar um artigo muito relevante:

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Exu Tranca Ruas

O movimento "Exu Tranca Ruas" ocorrido no início desse ano é uma prova substancial da influência que a internet pode exercer sobre determinadas ações sociais.
A manifestação dos estudantes baianos contra o aumento da tarifa de ônibus ganhou força a partir da ampla divulgação do movimento na rede. Blog's, orkut, twitter e facebook se constituíram em importantes ferramentas durante todo o processo de mobilização estudantil. Somente no orkut, a comunidade que leva o nome do movimento alcançou a marca de mais de 3.300 membros. No Twitter, o assunto mais comentado pelos soteropolitanos no dia em que ocorreu a manifestação, foi #revoltadobuzu. Outros termos que se referem ao movimento também ganharam destaque no microblog como #revoltabuzu2011, em quarto lugar, e #abacaxi, em sexto. 

O Exu Tranca Ruas é uma espécie de segunda edição da "Revolta do Buzu" ocorrida em 2003, porém uma das principais diferenças entre essas ações refere-se à questão da violência, sendo que esse ano a manifestação ocorreu de maneira mais tranquila e organizada.
Com a utilização da internet outras "revoltas" estão sendo planejadas e organizadas pelo interior do estado, a exemplo de estudantes da cidade de Feira de Santana que estão imbuídos pela vontade de ir para as ruas, como ocorreu em Salvador, e estão convocando pessoas, principalmente, pelos sites de relacionamento para se mobilizarem pela melhoria do sistema de transporte, sem que isso acarrete o aumento das tarifas.



Fontes:

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Mas, afinal, o que é um ativista?



Segundo Érico Gonçalves de Assis, jornalista que estuda os movimentos sociais, a definição de ativista não foi ainda devidamente formulada pela academia. Ele cita Tim Jordan como o único autor a propor uma conceituação de ativismo político A proposição de Jordan, citado por Assis, ressalta: “o que é essencial ao ativismo não é simplesmente haver mais do que uma pessoa, como em um cinema, mas um sentido de solidariedade em busca da transgressão. Deve haver um sentido de identidade compartilhada, que pode ser entendido nesta etapa como pessoas reconhecendo, umas nas outras a raiva, o medo, a esperança ou outras emoções que sintam quanto a uma transgressão.”
Assis afirma que o uso do termo representa uma tentativa de se afastar das fortes cargas associadas aos termos “revolucionário” e “radical”, que remeteriam ao uso de armas para tomar o poder ou aos desvios dos padrões de conduta das instituições políticas, e ao mesmo tempo distanciar da carga fraca associada ao termo “militante”, aquele que defenderia causas, mas não protagonizaria muitas manifestações ativas. Ele propõe ainda um cruzamento com a noção de ação direta: “qualquer ação positiva (fazer algo) que tenha implicações concretas, e geralmente imediatas, sobre seus alvos.”
Por fim, o autor propõe uma definição comparativa, sintética, entre os termos designadores dos agentes políticos contemporâneos: “é um “radical” envolvido em ações políticas diretas e indiretas sempre fora do âmbito institucional. É “mais” que um militante – participa de um grupo, segue seus ideais, mas também vai às ruas e cria situações de confronto com seus alvos – e “menos” que um revolucionário – suas ações não buscam remodelar o sistema de poder vigente de forma impositiva.”
Independentemente da existência de um consenso teórico sobre o termo, na prática dos coletivos mais informais ou dos grupos sociais mais organizados com atuação dirigida para a rede, considera-se “ativista” todo aquele que utiliza a Internet como meio de produção/difusão de conteúdos que ficam à margem das mídias tradicionais. O uso do termo se justifica pela crença corrente entre estes grupos de que a própria veiculação de informação já é em si uma ação transgressora (uma ação direta não-violenta), um desafio ao controle informacional ativado pelos grandes conglomerados de mídia. Nessa concepção, a denominação de “ativistas” é pertinente para designar todos aqueles envolvidos, formal ou informalmente, com as ações da chamada mídia tática. Não por acaso, adotou-se como designação de tais ações o termo “midiativismo”, como vimos anteriormente.

Fontes: