sexta-feira, 1 de abril de 2011

Mas, afinal, o que é um ativista?



Segundo Érico Gonçalves de Assis, jornalista que estuda os movimentos sociais, a definição de ativista não foi ainda devidamente formulada pela academia. Ele cita Tim Jordan como o único autor a propor uma conceituação de ativismo político A proposição de Jordan, citado por Assis, ressalta: “o que é essencial ao ativismo não é simplesmente haver mais do que uma pessoa, como em um cinema, mas um sentido de solidariedade em busca da transgressão. Deve haver um sentido de identidade compartilhada, que pode ser entendido nesta etapa como pessoas reconhecendo, umas nas outras a raiva, o medo, a esperança ou outras emoções que sintam quanto a uma transgressão.”
Assis afirma que o uso do termo representa uma tentativa de se afastar das fortes cargas associadas aos termos “revolucionário” e “radical”, que remeteriam ao uso de armas para tomar o poder ou aos desvios dos padrões de conduta das instituições políticas, e ao mesmo tempo distanciar da carga fraca associada ao termo “militante”, aquele que defenderia causas, mas não protagonizaria muitas manifestações ativas. Ele propõe ainda um cruzamento com a noção de ação direta: “qualquer ação positiva (fazer algo) que tenha implicações concretas, e geralmente imediatas, sobre seus alvos.”
Por fim, o autor propõe uma definição comparativa, sintética, entre os termos designadores dos agentes políticos contemporâneos: “é um “radical” envolvido em ações políticas diretas e indiretas sempre fora do âmbito institucional. É “mais” que um militante – participa de um grupo, segue seus ideais, mas também vai às ruas e cria situações de confronto com seus alvos – e “menos” que um revolucionário – suas ações não buscam remodelar o sistema de poder vigente de forma impositiva.”
Independentemente da existência de um consenso teórico sobre o termo, na prática dos coletivos mais informais ou dos grupos sociais mais organizados com atuação dirigida para a rede, considera-se “ativista” todo aquele que utiliza a Internet como meio de produção/difusão de conteúdos que ficam à margem das mídias tradicionais. O uso do termo se justifica pela crença corrente entre estes grupos de que a própria veiculação de informação já é em si uma ação transgressora (uma ação direta não-violenta), um desafio ao controle informacional ativado pelos grandes conglomerados de mídia. Nessa concepção, a denominação de “ativistas” é pertinente para designar todos aqueles envolvidos, formal ou informalmente, com as ações da chamada mídia tática. Não por acaso, adotou-se como designação de tais ações o termo “midiativismo”, como vimos anteriormente.

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