Existem, no mundo, três sistemas regulamentados sobre a prostituição: o abolicionismo, o regulamentarismo e o proibicionismo. O sistema regulamentarista reconhece a profissão e cria leis para sua execução. Esse modelo é adotado em alguns países da América Latina, com requisições que aborrecem o Movimento das Prostitutas como, por exemplo, a prática de exames periódicos obrigatórios, o que acaba provocando preconceito e exposição. O proibicionismo criminaliza a atividade e é praticado em poucos países por representar a ideia do domínio do Estado sobre o direito individual do corpo. No Brasil, o sistema adotado, desde 1942, é o abolicionista que penitencia o empresário ou dono de estabelecimentos que incentivam a atividade. O Movimento das Prostitutas condena esse modelo, pois acredita que o recebimento de parte do lucro pelo patrão é natural no exercício de qualquer profissão. Além disso, acreditam que esse modelo facilita a corrupção e o preconceito. Ele protege o reconhecimento da profissão a fim de garantir a sua regulamentação.
No Brasil, o Movimento Social das Prostitutas é representado pela Rede Brasileira de Prostitutas que surgiu na década de 80. A intenção da Rede Brasileira de Prostitutas é promover a articulação política do movimento organizado de prostitutas e o fortalecimento da identidade profissional da categoria, visando o pleno exercício da cidadania, a redução do estigma e da discriminação e a melhoria da qualidade de vida na sociedade.
A Rede Brasileira de Prostitutas tem como seu veículo de comunicação mais expressivo, o jornal Beijo da Rua, com tiragem de 10.000 exemplares e circulação em 17 estados do Brasil. A distribuição do jornal é de responsabilidade das associações de prostitutas, que recebem lotes que variam entre 50 e 500 exemplares, dependendo de algumas variáveis, como o local onde atuam a capacidade de distribuição e organização interna. O público leitor é composto, principalmente, por prostitutas, clientes, comerciantes e outras pessoas que estão no entorno da prostituição. Também recebem o material, militantes de outros movimentos sociais, como o gay e o soropositivo, gestores das áreas de saúde, educação, cultura, direitos humanos, além de políticos, pesquisadores, estudantes e formadores de opinião em geral.
O editor do jornal, Flávio Lenz, conta que mesmo com as dificuldades em se conseguir anunciantes, em razão do preconceito, o movimento reuniu forças para lançar, em dezembro de 2004, a versão eletrônica do Beijo da Rua, no endereço www.beijodarua.com.br, ampliando sensivelmente a repercussão do jornal e a visibilidade da luta das prostitutas.
Atualmente, existe um empecilho das prostitutas em se engajarem no movimento devido ao preconceito. Isso ocasiona a apropriação de seus ideais por outros movimentos, como o feminista. A Rede de Prostitutas não despreza as parcerias, porém diz acreditar que o movimento deve ser conduzido por prostitutas.
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