Acostumada a dialogar com movimentos sociais conhecidos, Secretaria Geral da Presidência pretende usar internet para atingir brasileiros que querem participar da vida pública mas não se sentem representados por partidos, mídia ou entidades tradicionais. A ideia é criar um Portal de Participação Social em 2012 objetivando levar a voz da internet para dentro do Palácio do Planalto e incorporá-la à construção de políticas públicas.
A Secretaria Geral da Presidência da República pretende aproximar o governo dos movimentos sociais, para que políticas públicas sejam permeáveis a reivindicações populares. Seus interlocutores frequentes são centrais sindicais (CUT, por exemplo), estudantes (UNE), sem-terras (MST), índios (Cimi). Enfim, grupos de interesse organizados em entidades conhecidas.
A Secretaria Geral planeja, agora, ampliar a clientela e levar para dentro do Palácio do Planalto movimentos sociais "desorganizados”. Aqueles que, de forma anárquica e espontânea, nascem e manifestam-se pela internet. E que são desprovidos de vínculo com instâncias tradicionais no debate público, como os partidos políticos ou a mídia.
O objetivo da Secretaria Geral consta do planejamento estratégico dela ainda para este ano. Caso se desenvolva como previsto, deve se materializar em 2012, com a criação de um “portal de participação social”, como já está sendo chamado.
“A idéia é ampliar a democracia. Os instrumentos tradicionais da democracia, sozinhos, hoje não dão mais conta da realidade, a internet é o espaço por execelência de um novo tipo de representação, que é mais utópica, mais direta, como vimos nos países árabes no começo do ano." diz Ricardo Poppi, responsável pelo projeto na Secretaria Nacional de Articulação Social, da Secretaria Geral.
O projeto ainda é embrionário, mas Poppi já antecipa que o portal seria um espaço de consulta pública permanente, uma espécie de "ágora grega" virtual, onde as pessoas opinariam e deixariam críticas ou sugestões sobre temas propostos pelo governo ou que elas mesmas considerem importantes. Funcionaria ainda como um grande arquivo sobre as conferências nacionais patrocinadas pelo governo (juventude, comunicação, LGBT, por exemplo. “O portal vai permitir que as pessoas tenham participação política e influenciem a formulação e a implementação de políticas públicas”, afirma Poppi. “Elas vão poder poder pautar o governo com temas que nem a imprensa nem a burocracia tinham percebido”, completa.
Para Poppi, a tecnologia digital pode ser um meio extraordinário de participação política. Cita como exemplo um episódio recente envolvendo uma professora do Rio Grande do Norte chamada Amanda Gurgel. Em audiência pública na Assembléia Legislativa sobre salário dos professores, ela fez um discurso forte sobre a realidade da categoria que constrangeu os parlamentares. O vídeo com a manifestação foi parar no youtube, virou hit na internet e tornou-se assunto discutido pela população em mesa de bar. “Se não fosse a tecnologia, a fala dessa professora teria impacto apenas local”, afirma o responsável pelo projeto.
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